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O melhor de “Sob Pressão” é o realismo ao tratar o caos nos hospitais públicos

Nilson Xavier

25/07/2017 23h26

Marjorie Estiano, Júlio Andrade e Stepan Nercessian (Foto: reprodução)

A Globo exibiu o filme "Sob Pressão" (de Andrucha Waddington, de 2016) antes da estreia da série nesta terça, 25/07. O filme funcionou como um cartão de visitas para a nova atração. Mas está claro que são formatos independentes, apesar da mesma temática, ambientação e alguns personagens.

A série perdeu o ritmo do filme. Não que sua narrativa não seja ágil e dinâmica: o filme que é alucinado. Se no cinema foi impossível tirar os olhos da telona, na TV há um respiro. O que significa que o produto foi devidamente ajustado ao novo formato.

Apesar de funcionar no cinema, "Sob Pressão" é mais apropriada para a TV. O tema médico e a abordagem realista do caos em nossos hospitais públicos sugerem um poço sem fundo de possibilidades de roteiro que garantiriam temporadas até o esgotamento. Principalmente porque "Sob Pressão" entrega bem o que promete: tensão e realismo em cenas bem dirigidas e um elenco eficiente.

Há um arco a ser desenvolvido ao longo dos episódios: a possibilidade de envolvimento mais que profissional entre o cético Dr. Evandro (Júlio Andrade), que não conseguiu superar a perda da mulher na mesa de cirurgia, e a espiritualista Drª Carolina (Marjorie Estiano), que se flagela para expurgar traumas de infância, formando-se assim um bom contraponto dramático.

Porém, ao que parece, não serão os dramas de Evandro e Carolina que fisgarão o telespectador. A isca maior de "Sob Pressão" – e seu principal diferencial – é a luta e a criatividade de profissionais médicos para salvar vidas diante da precariedade de um hospital público. Abordados com realismo e sem concessões.

Nesta batalha inglória, os competentes protagonistas se valem dos recursos mais esdrúxulos para garantir a vida de seus pacientes – o que faz a série parecer uma espécie de "MacGyver" médico. Este é o seu maior apelo.

"MacGyver", lembra? Aquele agente secreto que escapava de ciladas usando clipes, cotonete, tampa de caneta e conhecimentos de química e física. A série americana foi chamada no Brasil de "Profissão: Perigo" – que também seria um bom título para "Sob Pressão".

Júlio Andrade e Marjorie Estiano estão excepcionais, é preciso registrar.

A equipe médica de "Sob Pressão" (Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo)

Leia também a entrevista com Andrucha Waddington, o diretor geral, e Jorge Furtado, o redator final, no blog de Maurício Stycer.
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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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