Trama machista, série “Cidade Proibida” é melhor na forma que no conteúdo
"Cidade Proibida" é a nova série da Globo que estreia nessa terça-feira (26/09) em substituição à aclamada "Sob Pressão". Criada por Mauro Wilson e Maurício Farias a partir dos quadrinhos de Wander Antunes, a trama se passa no idílico Rio de Janeiro da década de 1950 – que em nada lembra a cidade atual.
A produção de época é de primeira, com destaque para a fotografia noir. Visualmente, é tudo muito bonito em "Cidade Proibida". O elenco principal está coeso: Vladimir Brichta, o detetive cínico, Regiane Alves, a prostituta romântica, Aílton Graça, o policial severo, e José Loreto, o gigolô barato.
A trama se resume à solução de adultérios pelo detetive Zózimo Barbosa e o envolvimento dele com as esposas, todas mulheres estonteantes, femme-fatales. A princípio, os envolvimentos estão na imaginação do detetive, porém, até o final dos episódios, ele consegue concretizá-los.
"Cidade Proibida" é um exercício de fantasia sexual, de voyeurismo. Os quadrinhos criam um clima propício para isso. Na TV, a ambientação noir tenta obter o mesmo efeito. Mas são produtos diferentes. As propostas estética e interpretativa disfarçam o roteiro que pouco impressiona na televisão. "Cidade Proibida" funciona mais na forma que no conteúdo.
E soa machista. Zózimo Barbosa é irresistível a todas as mulheres. A única figura feminina humanizada é a prostituta Marly (Regiane Alves). Inserida no universo masculino, ela bebe com os homens na mesa do bar, compartilha das mesmas conversas. Mas é apaixonada pelo detetive e sonha casar-se com ele. Ele, no entanto, a aceita mas não lhe dá esperanças. Marly, assim como as outras mulheres da trama, estão lá para servir Zózimo.
"Cidade Proibida" até tenta aliviar o teor machista: o policial Paranhos (Aílton Graça) é violento e intolerante com homens que batem em mulher. "Não suporto homem que bate em mulher!". Mas não é o suficiente. Ainda que o machismo seja inerente à época retratada.
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