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"Malhação" discutiu diferenças sem ser piegas, impositiva ou panfletária

Nilson Xavier

05/03/2018 18h30

As Five (foto: reprodução)

Em tempos de tramas pobres para angariar audiência fácil, "Malhação" fez toda a diferença (não resisti a usar o subtítulo do programa). "Viva a Diferença" chegou ao fim nesta segunda-feira (05/03) como uma das temporadas mais aclamadas da história do programa. E com audiência alta: média de 20 pontos no Ibope da Grande São Paulo e 22 no Painel Nacional de Televisão – números não vistos na faixa desde 2009.

Em uma trama eficiente e bem amarrada, o texto de Cao Hamburger privilegiou os dramas dos personagens separadamente, revezando protagonismos. Uma narrativa seriada que funciona bem com a proposta da atração. Em sintonia com o texto, o bom trabalho do diretor artístico Paulo Silvestrini no trato com o elenco: enxuto, bem escolhido, exibindo uma agradável fusão entre atores novatos e experientes.

Não só as FIVE brilharam – Ana Hikari (Tina), Daphne Bozaski (Benê), Gabriela Medvedovski (Keyla), Heslaine Vieira (Ellen) e Manoela Aliperti (Lica) -, também os personagens de Matheus Abreu (Tato), Juan Paiva (Anderson), Lucas Penteado (Fio), Talita Younan (K1), Carol Macedo (K2), Bruno Gadiol (Guto), Vinícius Wester (MB), Isabela Scherer (Clara) e Giovanna Grigio (Samantha) tiveram momentos de relevância na trama e bom desempenho de seus jovens intérpretes. Entre os experientes, destaque para Lúcio Mauro Filho, Aline Fanju, Malu Galli, Daniela Galli, Marcelo Antony, Mouhamed Harfouch, Ana Flávia Cavalcanti e Lina Agifu.

"Viva a Diferença" bateu com louvor a meta de discutir tolerância, diversidade e representatividade – para jovens e adultos. Defendeu a escola pública e abordou assédio, abuso, racismo, homofobia, bullying, intolerância religiosa, preconceito social e com minorias, de forma leve, conforme a exigência do horário e o seu público alvo. Didática na medida certa, pontual e sem eufemismos, com eficiência e responsabilidade, sem imposições, panfletagem ou pieguice. Um exemplo de texto a ser seguido em nossa televisão.

Prova de que o público também aprecia roteiros bem elaborados e que não subestimam sua inteligência. Uma temporada divisora de águas na franquia, não dá mais para "Malhação" ficar nos romances bobocas entre adolescentes. A exemplo da novela "A Força do Querer", "Viva a Diferença" cumpriu um papel social em ressonância com a pauta da atualidade e que vai além do mero entretenimento passivo.

Leia também: Globo lança via Malhação campanha pela valorização da Escola Pública;
Entrevista com as protagonistas: discussão sobre tolerância, a repercussão do trabalho e projetos futuros.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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