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Sequestro de Paulinha movimenta “Amor À Vida”, mas revela-se um entrecho frágil

Nilson Xavier

21/08/2013 12h03

Paulinha (Klara Castanho) corta o cabelo de Ninho (Juliano Cazarré) em "Amor À Vida" (Foto: Divulgação/TV Globo)

Na última semana, o sequestro de Paulinha (Klara Castanho) tem movimentado a trama central de "Amor À Vida". Mas, analisando bem, esse sequestro não faz o menor sentido e em nada contribui para a evolução da história central da novela. Aliás, nos últimos capítulos, a trama estacionou nas cenas do cativeiro da menina e não vai para frente. Nada de relevante tem acontecido. A única trama que tem andado é paralela: mais uma tentativa de Valdirene (Tatá Werneck) em se dar bem com um pretendente rico.

O sequestro de Paulinha foi arquitetado por Félix (Mateus Solano) como mais uma tentativa do vilão em se livrar da menina. Ele convenceu Ninho (Juliano Cazarré), o pai biológico da garota, a sequestrá-la "para aproximar-se mais dela". Oi? Isso não faria o menor sentido, não fosse o fato de, ultimamente, Ninho vir se comportando como um perfeito débil mental. Faz lembrar o Adauto, personagem de Cazarré em "Avenida Brasil". Paulinha tem agido com mais inteligência e madureza que o próprio pai. Soa estranho, se considerarmos que, no início da novela, Ninho era um cara até safo, tentou traficar drogas e tudo.

Ao que tudo indica, Alejandra (Maria Maya), parceira de Ninho no sequestro, vai extorquir e chantagear Félix ao máximo por conta desse sequestro. Talvez isso tenha reflexos no futuro da história. Mas, por enquanto, o sequestro de Paulinha tem se mostrado ser apenas um entrecho ineficaz e frágil, desde a forma como Ninho convenceu a enfermeira Ciça (Neusa Maria Faro) a "dar um passeio com ele", até a saída de Paulinha no meio de sua aula no colégio para entrar no carro de Ninho. Mas, como diria Glória Perez, "é preciso voar!".  Um mínimo de coerência, pra quê?…

No outro lado, a mãe de Paulinha, Paloma (Paolla Oliveira), e o pai de criação, Bruno (Malvino Salvador), sossegadamente tomam café da manhã com o irmão de Alejandra, Valentin (Marcelo Schmidt), e os policiais que investigam o caso. Um dos policiais até paquera uma empregada… Bem, esperamos que o sequestro de Paulinha, no fim das contas, não tenha servido apenas para a menina cortar o cabelo de Ninho. Aliás – diga-se de passagem – Paulinha tem futuro como cabeleireira!

Aliás 2: teve até sopa na cabeça – na ausência de torta na cara, artifício recorrente em novelas de Walcyr Carrasco.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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