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Com muitas cenas eletrizantes, roteiro de “A Teia” exige atenção redobrada

Nilson Xavier

29/01/2014 00h53

João Miguel na estreia de

João Miguel na estreia de "A Teia" (Foto: TV Globo / Estevam Avellar)

Cenas frenéticas de um assalto ao som de Nirvana. A adrenalina foi lá em cima. Essa é a intenção de "A Teia", série que estreou na Globo nesta terça-feira (28/01). Com muita ação, câmera nervosa, locações reais, texto rápido e imagens clipadas, a ideia é prender o telespectador sem dar tempo para respirar. E ele vai ter que prestar atenção, senão corre o risco de não entender patavina de sua trama emaranhada. Talvez este tenha sido o único arranhão da proposta, nesta estreia: um roteiro rápido e clipado demais, que exigiu além da atenção média.

Direção geral de Rogério Gomes, escrita pelo casal Bráulio Mantovani e Carolina Kotscho (de "Dois Filhos de Francisco" e (ele) de "Tropa de Elite"), tendo João Miguel e Paulinho Vilhena como protagonistas, em uma trama de gato e rato – em que João Miguel é o gato e Vilhena, o rato – "A Teia" é tudo o que o diretor Daniel Filho tentou fazer na série "A Justiceira" da década de 1990 e quase conseguiu: um seriado policial bem feito, que pouco deixa a dever aos americanos, especialistas no assunto desde sempre. E o cinema continua inspirando roteiristas e diretores de televisão – o que é sempre bem vindo, já que cinema e TV são primos-irmãos.

Engraçado perceber que, já que "A Teia" estava engavetada, as gravações terminaram faz tempo e parte do elenco já entrou (e saiu) de outras produções. Aliás, Ângelo Antônio e Ana Cecília Costa podem ser vistos atualmente na novela das seis, "Joia Rara". E Júlio Andrade estava até sexta passada em "Serra Pelada". A primeira cena pareceu o desfecho da história, tal qual no primeiro capítulo de "Amores Roubados" – só que "Amores Roubados" foi gravada depois de "A Teia".

O grande chamariz da série, além da direção eficiente em imagens interessantes – algumas contemplativas quando não eletrizantes – é a trilha sonora, do mais puro rock and roll, de Stones a Nirvana. E tendo Brasília como cenário principal, a referência fica ainda mais latente. Deixou gostinho de quero mais. A caçada continua na semana que vem. A conferir.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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