Apesar do capítulo de estreia confuso, “Vitória” pode agradar
A Record aposta em sua novelista mais tradicional para tentar alavancar a repercussão de sua Teledramaturgia, em baixa nos últimos anos. Christianne Fridman é autora de alguns títulos considerados sucessos para o padrão da emissora, como "Chamas da Vida" (2008-2009) e "Vidas em Jogo" (2011-2012). E Fridman vai por caminhos conhecidos nesta estreia de "Vitória", a mais nova produção da casa, que começou nesta segunda-feira (02/06). Tudo era folhetim puro, levado às últimas consequências. Da trama em si aos diálogos melodramáticos, com muitas referências ao universo equino – mote central da novela. A Vitória do título é uma égua, não a protagonista (como pensaram alguns) – que se chama Diana, interpretada por Thaís Melchior, até então coadjuvante na Globo, de "Malhação" e "Saramandaia".
O maior problema deste capítulo, a meu ver, foi a edição equivocada, apressada e confusa. Tudo bem que em uma estreia há de se apresentar ao público a história e os personagens principais. Mas o afã de explicar muito, e corrido, pode ser nocivo. A primeira parte do capitulo misturou a trama central com algumas paralelas – como o núcleo dos neonazistas – e outras, neste momento, sem importância – como o trio que foi demitido – para que? Pareceu solto, perdido.
A segunda parte do capítulo foi exclusiva para a trama central, com o amor fulminante (um tanto quanto pouco convincente) de Artur (Bruno Ferrari), o vilão paraplégico ávido por vingança, por Diana, filha do homem que ele quer vingar, que, por sinal, é seu pai (Antônio Grassi). Tudo muito rápido, quando lá na primeira parte se perdeu tempo com uma trama paralela desimportante. Sequências de flashback que deveriam explicar, confundiram. Entretanto, é preciso elogiar a ousadia de Christianne Fridman ao apostar no melodrama rasgado, com direito a sequências fortes, como aquela em que pai e filho se confrontam numa espécie de ajuste contas.
Ótima produção (com belas externas em Petrópólis e Curaçao, no Caribe), num capítulo de estreia dos mais confusos. "Vitória" tem o folhetim clássico como tempero principal – mais uma história de vingança. O melodrama latino-americano se fez sentir também pela locação caribenha e por Thalia na trilha sonora. A julgar pelo currículo da autora, a novela tem tudo para agradar. Ela só precisa parar com expressões do tipo:
"Nunca tive as rédeas de minha vida nas minhas mãos"
"Ele ficou paraplégico. Nenhum de nós se levantou novamente"
"Tomara eu ter emprenhado ela. As pernas não funcionam mas ainda sou um garanhão"
"Quanto mais coice, mais eu gosto"
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