“O Rebu” funciona melhor na teoria do que na prática
Perdi o fio da meada de #ORebu 🙁
Cada vez mais leio essa frase nas redes sociais. "O Rebu", uma trama de mistério, pautada em uma investigação de assassinato, requer atenção redobrada. Caso contrário, perde-se o "fio da meada" mesmo. Sua cronologia que vai-e-vem-e-volta não é para os negligentes, para os que deixam a TV ligada e vão fazer outra coisa ou os que assistem dia sim, dia não. Só os atenciosos entenderão.
Não que todos os que acompanham um "quem matou" estejam realmente ávidos em colher pista a pista no roteiro para descobrir a identidade do assassino. Isso pode ser mais recorrente em uma trama com cronologia linear. Mas não em "O Rebu", onde a falta de unidade temporal na narrativa não só confunde quem aprecia histórias de mistério, como também corre o risco de provocar o desinteresse no telespectador. O que, a princípio, parece um jogo atraente, pode acabar se tornando algo maçante.
A novela também não cumpre com o seu maior charme prometido: "a festa cintilante da alta sociedade". Nas chamadas e nos primeiros capítulos (antes de a polícia chegar, na manhã seguinte à festa), a maioria das cenas mostrava que o "rebu" do título era a festa em si, com personagens bêbados ou drogados ultrapassando todos os seus limites, embalados por uma trilha sonora de qualidade. A primeira sequência da novela, em que a câmera segue alguns personagens e capta suas atitudes e reações, definia bem o "rebu" que estava por vir.
Com a chegada da polícia, a festa, como cenário principal, deixou de ser o foco, que deu lugar aos antecedentes dos personagens, o que os levaram à mansão de Ângela Mahler (Patrícia Pillar) e suas motivações para matar Bruno Ferraz (Daniel de Oliveira). Com isso, "O Rebu" perdeu muito do seu brilho, de seu apelo – ainda que o objetivo do roteiro seja o avanço da investigação policial.
Com uma proposta das mais originais e qualidade de produção inquestionável (direção, elenco, texto, fotografia, trilha, arte), "O Rebu" tem mostrado que funciona melhor na teoria do que na prática. É de encher os olhos. Contudo, para uma história seriada, requer disciplina do público. Em tempos em que a TV aberta concorre com tantos ruídos externos, é necessário um apelo hercúleo para manter o telespectador diariamente fisgado na história – ainda mais em um horário ingrato e variável, e em que há uma interrupção às quartas-feiras e fins de semana.
"O Rebu" talvez funcione melhor "on demand", para se assistir no DVD, no horário em que se esteja realmente disponível para a novela.
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