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Inesquecível como vovô, Elias Gleizer também viveu vários padres em novelas

Nilson Xavier

16/05/2015 16h26

Elias Gleizer como o Vovô Pepe em

Elias Gleizer como o Vovô Pepe em "Era uma Vez" (Foto: Divulgação/TV Globo)

Mais uma perda irreparável para a televisão neste ano: faleceu – neste sábado, 16/05, no Rio de Janeiro – o ator Elias Gleizer. Ele sofreu complicações após fraturar cinco costelas e perfurar o pulmão em uma queda.

Gleizer era uma das figuras mais carismáticas e queridas da TV. Filho de judeus poloneses, nasceu em São Paulo em 4 de janeiro de 1934. No final dos anos 1950, começou a atuar na TV Tupi, onde esteve em 22 novelas, entre 1959 e 1979, entre elas, "Os Rebeldes" (1967), "Antônio Maria" (1968), "Nino, o Italianinho" (1969), "A Fábrica" (1971), "O Machão", (1974) e "Xeque-Mate" (1976). Com o fim da Tupi, passou pela Bandeirantes e SBT.

Em 1984, fez seu primeiro trabalho na Globo: "Livre Para Voar", de Walther Negrão, novelista que lhe deu vários outros papeis posteriormente. De lá para cá, foram 32 participações em novelas, minisséries e séries da Globo, com destaque para suas atuações como o português Manel em "Direito de Amar" (1987), Donato em "Fera Radical" (1988), Jairo, o dono da Marinete, em "Tieta" (1989), Vitório em "Despedida de Solteiro" (1992), o investigador Rosalvo na minissérie "Agosto" (1993), Tio Zé em "Sonho Meu" (1993), Canequinha em "Anjo de Mim" (1996), Pepe em "Era uma Vez" (1998), Frei José em "Sinhá Moça" (2006), Seu Cadore em "Caminho das Índias" (2009) e Diógenes em "Passione" (2010), fazendo uma dupla divertida com Cleyde Yáconis.

O jeito bonachão o levou a interpretar vários avôs e padres (e religiosos em geral) em novelas. Já foi o Padre Lara ("Rosa dos Ventos", Tupi, 1973), Padre Inácio ("Xeque-Mate", Tupi, 1976), Padre Rosendo ("Meu Pé de Laranja Lima", Band, 1980), Padre Ferndenuto (seriado "Dona Santa", Band, 1981), Padre Nazareno ("Salomé", Globo, 1991), Padre Olavo ("Terra Nostra", Globo, 1999), outro padre na minissérie "Um Só Coração" (Globo, 2004), bispo em "Bang Bang" (Globo, 2005) e Frei José ("Sinhá Moça", Globo, 2006).

Todavia, foi no papel de vovô que Elias Gleizer mais encantou o público, com seu olhar carinhoso e jeitão alegre, em papeis como Vitório em "Despedida de Solteiro", Tio Zé em "Sonho Meu", Pepe em "Era uma Vez" e Cadore em "Caminho das Índias". Outro personagem inesquecível foi em "Tieta", como Jairo, o motorista que levava os viajantes a Santana do Agreste em sua Marinete, uma kombi velha caindo aos pedaços. O português Manel de "Direito de Amar" e o deficiente mental Canequinha de "Anjo de Mim", são outros tipos marcantes de sua carreira.

A última aparição na TV foi em uma participação no primeiro capítulo de "Boogie Oogie", no ano passado, vivendo outro padre. A partir do próximo mês, Elias Gleizer poderá ser visto na reprise de "Despedida de Solteiro" no canal Viva, em que interpretou um de seus avôs mais queridos: Vitório.

Leia mais sobre o falecimento do ator AQUI.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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