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Nova “Malhação” estreia com câmera “nervosa” e proposta estética diferente

Nilson Xavier

19/08/2015 11h39

João Vithor Oliveira e Nicolas Prattes como os irmãos João e Rodrigo (Foto: Divulgação/TV Globo)

João Vithor Oliveira e Nicolas Prattes como os irmãos João e Rodrigo (Foto: Divulgação/TV Globo)

Nessa nova temporada de "Malhação" (que estreou segunda, 17/08), é possível ter uma prova do que vem por aí em "A Regra do Jogo", a novela das nove que estreia dia 31. Com o subtítulo "Seu Lugar no Mundo", "Malhação" se reinventa, esteticamente falando. A direção geral é de Leonardo Nogueira.

Isso pode ser notado na fotografia, com filtros que deixam a imagem mais escura, e nas paisagens naturais de tirar o fôlego (pelo menos nestes dois primeiros episódios). E também na câmera "nervosa", que persegue o ator onde ele vai, ou onde quer se dar o foco da ação. Essa modalidade de filmagem diminui a marcação – que engessa o ator, já que ele precisa ficar dentro de um enquadramento para que câmeras fixas captem sua imagem.

A novela "A Regra do Jogo" está sendo vendida com uma novidade: o conceito da "caixa cênica". Bem resumidamente explicando: o ator não percebe a câmera, ou não sabe onde ela está, ou não se preocupa com ela. Assim, o ator tem total liberdade de se movimentar, o que – de certa forma – aproxima a dramaturgia do reality.

Na industrialização da telenovela, já não se dirige mais uma linha de montagem uniforme.

A câmera "nervosa" – esse apelido é porque ela se movimenta ao correr atrás do ator – não é novidade em nossa dramaturgia. Em 2007, a novela "Duas Caras" abusou do recurso. Várias outras produções usaram, em maior ou menor escala. Mas parece que agora, com "Malhação", a "nova ordem mundial da dramaturgia da Globo" ultrapassa sua última fronteira. Não existe mais lugar para a fotografia chapada.

E, cada vez mais, os diretores vão deixando sua marca registrada, nos estilos de dirigir – cenas, atores, estéticas. Herança de Luiz Fernando Carvalho e Jayme Monjardim, que, desde a década de 1990, deixavam uma marca pessoal em suas novelas. Sem desmerecer os grandes mestres do passado – Walter Avancini (1935-2001), já imprimia um estilo de direção em sua obra e se preocupava com estética ao dirigir.

Em tempo: "Malhação" reestreou bem este ano (em que completa seu vigésimo aniversário): manteve a boa audiência da temporada anterior, continua com seu forte apelo jovem e trouxe de volta o colégio como cenário principal. O roteiro é assinado por Emanoel Jacobina, um dos criadores do programa. Os dois primeiros capítulos encerraram-se com tragédias iminentes: no primeiro dia, Rodrigo (Nicolas Prattes) cai no mar e bate a cabeça numa pedra. No segundo, João (João Vithor Oliveira), sofre um acidente de carro. Um vale tudo para cativar o público com a nova história que se inicia.

Mais sobre "Malhação, Seu Lugar no Mundo" AQUI.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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