A Regra do Jogo melhora quando reforça o drama dentro da história policial
A novela "A Regra do Jogo" ganha um novo gás com a revelação de que Gibson Stewart (José de Abreu) é o "pai" da facção – o poderoso chefão da organização criminosa. A escolha por esse personagem não surpreendeu. Desde o início desconfiava-se dele. Principalmente por Gibson parecer um personagem avulso na trama, sem função, a não ser desferir falácias ultraconservadoras à la Odete Roitman. Parecia mesmo que Zé de Abreu estava sobrando na novela, num personagem aquém de seu talento.
Agora está tudo claro para o público, quem são os mocinhos e os vilões e pelo que eles se enfrentam. Finalmente pode-se montar o xadrez humano das primeiras chamadas, com os personagens vestidos de preto ou branco. Perto de seu centésimo capítulo, a novela demorou muito para definir esses papeis. Deixar a dúvida no ar é interessante, quando a narrativa flui bem. Exemplo: eu, pessoalmente, preferia "A Favorita" quando existia a dúvida de quem era a vilã da novela, se Flora ou Donatela (Patrícia Pillar e Claudia Raia). Mas sabermos que a história só pegou mesmo para o grande público quando o autor deixou claro que se tratava de Flora.
A história principal de "A Regra do Jogo" é mais complexa, exige atenção e raciocínio do telespectador. Mas o foco no lado policial estava tornando-a repetitiva. Estou me referindo exclusivamente à sua trama central – as paralelas nem deveriam estar lá! Vale ressaltar que a audiência melhorou com o fim de "Os Dez Mandamentos": nas últimas semanas, a novela tem cravado 31 pontos no Ibope da Grande São Paulo, por alguns dias – o seu recorde.
"A Regra do Jogo" começou bem, tendo como destaque a atuação marcante de Cássia Kiss, como Djanira. A personagem fazia as vezes do telespectador, perplexa diante de cada descoberta sobre os que a circundavam e seus envolvimentos com a facção. A morte de Djanira foi uma grande perda para a história. As cenas de Cássia Kiss eram sempre muito carregadas de emoção. A novela ficou mais fria sem a personagem, mais calcada no vai-e-vem da facção. E assim perdeu gás.
Agora, que sabemos que Gibson está por trás da organização, é a chance de um "recomeço" para "A Regra do Jogo". A presença de Deborah Evelyn, como Kiki, traz à tona novos conflitos em uma trama interessante que pode render bem. A atriz está ótima na pele da mulher sequestrada (a mando do próprio pai), que se apaixonou por seu algoz (Zé Maria/Tony Ramos) e criou uma nova família, deixando para trás o seu passado. A novela melhora quando intensifica os dramas pessoais dos personagens, em detrimento do joguinho de gato e rato entre a facção e a polícia, que – convenhamos – andava bem maçante.
Leia também:
Maurício Stycer: "A Regra do Jogo dá passo ousado ao colocar empresário como líder do crime".
Notícias da TV: "Foi difícil guardar segredo sobre o Pai, falo demais", disse José de Abreu.
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