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Trama paralela de "A Regra do Jogo" se destaca... negativamente

Nilson Xavier

21/02/2016 18h33

Caras e bocas de Carmo Dalla Vecchia em

Caras e bocas de Carmo Dalla Vecchia em "A Regra do Jogo" (Foto: Divulgação/TV Globo)

Novela desperdiça uma boa oportunidade para discutir a violência doméstica

Entre as tramas paralelas de "A Regra do Jogo", uma se destaca… negativamente. É a que envolve o personagem Rodrigo (Carmo Dalla Vecchia), que não consegue superar a perda dos filhos e se divide entre o lar, ao lado da mulher Gisela (Larissa Bracher), e o Morro da Macaca, com Domingas (Maeve Jinkings).

A trama deles é mais ou menos assim: Rodrigo é um cara rico que vivia um casamento feliz com Gisela. Os filhos pequenos morreram, ele pirou e fugiu de casa. Foi encontrar conforto psicológico nos braços de Domingas, mulher pobre, infeliz, insegura, que havia se separado do marido violento Juca (Osvaldo Mil). Rodrigo, a princípio, fazia a linha misterioso. Apresentou-se a Domingas com outro nome, César, e parecia, para ela, um príncipe encantado. O príncipe virou sapo quando Gisela descobriu o paradeiro dele. E agora o atormentado Rodrigo/César não faz outra coisa senão choramingar pelos cantos e dar uns sumiços vez em quando, o que põe as duas mulheres malucas (no sentido de preocupadas).

O problema é que essa história não sai disso. É inconsistente, difícil de engolir e nitidamente está em "A Regra do Jogo" apenas para encher linguiça (bem, até aí, as outras tramas paralelas da novela também estão). Para agravar, dois pontos.

1. Carmo Dalla Vecchia. O ator vive mais um desequilibrado em novelas. Ou seja, as mesmas caras e bocas que já vimos anteriormente. Já foi apelidado de Tonho da Lua nas redes sociais.

2. Maeve Jinkings. Um desperdício de atriz, de personagem, de trama. Maeve tira leite de pedra ao tentar dar algum sentido para a sua Domingas e alguma credibilidade para essa história. A personagem, que a princípio prometia muito, acabou totalmente mal aproveitada na novela. Domingas sofria violência doméstica nas mãos de Juca. Os dois atores, (Maeve e Osvaldo Mil), eram excelentes em cena, numa trama que podia render e servir como denúncia.

Mas não. O autor João Emanuel Carneiro trocou a possibilidade de uma boa abordagem sobre a violência no lar por uma história que não faz o menor sentido. Deixou de aproveitar os talentos de Maeve Jinkings e Osvaldo Mil, em uma subtrama realmente interessante, para dar vez a Carmo Dalla Vecchia, em uma interpretação totalmente equivocada, em uma trama desnecessária. É muito desperdício, né non?

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Carmos Dalla Vecchia, Maeve Jinkings e Larissa Bracher (Foto: Fabiano Battaglin/Gshow)

Carmo Dalla Vecchia, Maeve Jinkings e Larissa Bracher (Foto: Fabiano Battaglin/Gshow)

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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