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Só agora "Liberdade Liberdade" exibe uma interessante trama histórica

Nilson Xavier

25/07/2016 07h00

Juliana Carneiro da Cunha (Alexandra) e Susana Ribeiro (Carlota Joaquina) (Foto: Felipe Monteiro/Gshow)

Juliana Carneiro da Cunha (Alexandra) e Susana Ribeiro (Carlota Joaquina) (Foto: Felipe Monteiro/Gshow)

Duas semanas para o seu término e "Liberdade Liberdade" está pegando fogo! O cerco se fecha cada vez mais sobre os personagens de Vila Rica. A trama ganhou novo fôlego com a chegada do interventor da Coroa Portuguesa, o Duque de Ega (Gabriel Braga Nunes), que na verdade está mancomunado com a Princesa Carlota Joaquina (Susana Ribeiro) numa conspiração para que a Espanha domine o Brasil – o que revela interesses escusos escondidos sob a aura do sonho de liberdade.

Em sua reta final, "Liberdade Liberdade" apresenta agora o que faltou em três quartos da novela: uma trama ágil e coesa com conexão histórica. A maior crítica contra a produção era justamente ter pouca História retratada. Até então, apesar das alusões a vultos históricos (como Tiradentes e os inconfidentes, a Família Real Portuguesa e Mão de Luva), a novela não passava de um amarrado melodrama que poderia ser ambientado em qualquer época.

"Liberdade Liberdade" começou modorrenta e levou um tempo até se estabelecer. A trama vinha andando em círculos, dando destaques momentâneos a personagens e núcleos isolados. Enquanto se desenrolava lentamente a trama principal, foram apresentados o rapto de Bertoleza (Sheron Menezes), a volta do marido (Jackson Antunes) de Dionísia (Maitê Proença), o drama do cego Ventura (Vitor Thiré) – que, diga-se de passagem, atualmente está abandonado -, etc.

Entretanto, apesar de seu roteiro um tanto quanto enviesado, "Liberdade Liberdade" tinha a seu favor ótimos trunfos que faziam valer a pena a audiência. O maior deles talvez fosse o excelente elenco em ótimos personagens, todos ricamente construídos, com destaque para Mateus Solano/Rubião, Lília Cabral/Virgínia, Maitê Proença/Dionísia, Caio Blat/André, Nathalia Dill/Branca, Zezé Polessa/Ascenção, Marco Ricca/Mão de Luva e Juliana Carneiro da Cunha/Alexandra.

A direção (artística de Vinícius Coimbra) teve importante papel na produção, tanto na condução do elenco quanto nos detalhes estéticos, com ênfase para as caracterizações pouco maquiadas, de atores e cenários – percebam como a fotografia escura deixa Vila Rica, os cenários e personagens com um aspecto ainda mais sujo. Uma proposta estética que flerta com o realismo, mas que, todavia, encontrava pouca ressonância no texto.

Faltando duas semanas para acabar, "Liberdade Liberdade" vem apresentando desfechos emocionantes para os personagens. E – apenas agora – tem revelado uma faceta histórica do período pouco conhecida ou divulgada, mas interessante: a de que conspirações podem servir a diferentes interesses. Bom quando uma trama histórica reverbera a atualidade.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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