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Contra o preconceito e a caretice, “Amor e Sexo” é um programa de utilidade pública

Nilson Xavier

10/02/2017 07h00

Fernanda Lima, José Loreto e seu pai (Foto: Isabella Pinheiro/TV Globo)

Fernanda Lima, José Loreto e seu pai (Foto: Isabella Pinheiro/TV Globo)

Mais uma vez o "Amor e Sexo" exibiu um nu masculino frontal (já aconteceu em 2013). O tema da noite era o machismo e a nudez não soou gratuita. O programa também teve a emoção de José Loreto abraçado ao pai assumindo que tem dificuldade em dizer "eu te amo" aos familiares. E o depoimento emocionado de outro pai, vítima de homofobia porque estava abraçado ao filho e eles foram confundidos com um casal de homossexuais. E música, dança, brincadeiras e risadas.

Qual programa da TV aberta brasileira consegue discutir temas tabu com conteúdo e levantar bandeiras de forma leve e descontraída, sem ser didático ou resvalar no politicamente correto pretensioso? E ainda assim cumprir com seu papel de entreter e divertir. Só o "Amor e Sexo".

A atração comandada por Fernanda Lima reúne todas essas qualidades. Vários outros programas de TV, de todos os canais (inclusive da própria Globo), já tentaram seguir esse caminho antes, em parte ou na totalidade, mas nunca com um resultado tão satisfatório como o "Amor e Sexo".

O programa propõe a desconstrução do preconceito, do machismo, da homofobia, do racismo, da misoginia e de tantos outros temas urgentes. Mas ele mesmo, como atração televisiva, é um bom exercício de desconstrução. Sem perder seu foco, mistura humor, dança, música, games e entrevista com toda a seriedade que os assuntos tratados demandam.

Diverte, entretém, emociona, esclarece, informa, desconstrói o preconceito e a caretice em todos os seus aspectos e níveis. É um programa de utilidade pública.

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Foto: @realitysocial/reprodução

Foto: @realitysocial/reprodução

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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