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“Conversa com Bial” remete aos programas de Hebe e Marília Gabriela

Nilson Xavier

09/06/2017 07h00

O maior receio era que Pedro Bial fosse reproduzir em seu "Conversa com Bial" os discursos pseudofilosóficos e verborrágicos da época de BBB. Mas nem poderia ser desse jeito. O programa de entrevistas deixa o apresentador bem distante do reality-show. Tampouco lembra o Pedro Bial da formalidade engessada de programas jornalísticos.

Bial surfa amistosamente entre os assuntos que exigem seriedade e os mais amenos. Confortável, sem medo de errar, deixa o entrevistado à vontade, respeita seu tempo, conduz a entrevista com objetividade mesmo quando ela perde o foco. Muitas vezes lembra o jeitão Marília Gabriela de entrevistar, sempre interessado no assunto de seu interlocutor e demonstrando tê-lo estudado. Divide com seu convidado o protagonismo do show.

O formato do programa é um velho conhecido nosso. Porém, "Conversa com Bial" incorpora um frescor aos programas de entrevista ao chamar outras pessoas para o sofá – o que remete ao sofá da Hebe. Assim, quebra-se a rigidez do tête-à-tête, do ping-pong, do pergunta-responde (que também funciona), e tudo vira um bate-papo de sala de estar – formal ou informal, dependendo do termômetro do assunto.

Havia um temor de que "Conversa com Bial" pouco tivesse a acrescentar ao formato após décadas de domínio de Jô Soares nessa seara e diante da fartura de opções de talk-shows na TV atualmente. Com timing e carisma, Pedro Bial faz a diferença. Espontaneamente franze a testa quando deve franzir e gargalha frouxo na hora certa. Ajuda bastante nessa avaliação o programa como um todo, atraente e bonito. Uma sala de estar convidativa com um anfitrião boa-praça, atencioso e dedicado.

Fotos: divulgação/TV Globo.
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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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