Considerando o momento político, a realidade supera a ficção das novelas
O brasileiro se identifica com a realidade refletida na ficção em seu aparelho de TV. Talvez por isso, depois de tantas décadas, as nossas novelas continuem repercutindo e fazendo sucesso, sem prazo para esmorecer.
As telenovelas brasileiras já foram classificadas como "realistas" quando comparadas às produções dos países do resto da América Latina – bem mais, digamos, escapistas da realidade. Tudo começou em 1968, com "Beto Rockfeller", que trouxe para o formato a brasilidade, o dia a dia, as paisagens e comentários sobre fatos e pessoas reais da época. De lá para cá, o povo aprendeu a embarcar na fantasia alicerçada no que acontece à sua volta. É na realidade que nomes como Janete Clair, Dias Gomes, Aguinaldo Silva e Glória Perez buscaram/buscam inspiração para suas tramas mais mirabolantes.
E quando a realidade supera a ficção? Na noite desta terça-feira (05/09), em que o "Jornal Nacional" anunciou que a Polícia Federal encontrou malas e malas de dinheiro (mais de R$51 milhões), em um apartamento em Salvador, atribuídas ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (leia AQUI), a trama das sete, "Pega Pega" (antes do "JN") – com pouco compromisso com a realidade, diga-se de passagem – exibiu uma cena em que notas de dinheiro voavam pelos ares de dentro de um carro, durante a fuga do ladrão Agnaldo (João Baldasserini), perseguido pela polícia.
Depois do choque das notícias reais do "JN", na novela das nove "A Força do Querer", a personagem Bibi Perigosa (Juliana Paes) – aliás, inspirada em uma mulher da vida real -, em um acesso de ostentação e deslumbramento com o poder, tomou um banho de dinheiro, literalmente.
A imagem não é nova nem original: em 2015, Aguinaldo Silva fez seu protagonista Comendador (Alexandre Nero) cair em uma piscina repleta de dinheiro em uma das sequências mais marcantes da novela "Império". Nem foi o único, Atena em "A Regra do Jogo", Cunegundes em "Eta Mundo Bom!" e outros também tomaram banho de dinheiro em novelas.
"Dinheiro na mão é vendaval" seria um refrão musical apropriado para todas essas cenas, da realidade e da ficção. A famosa música de Paulinho da Viola foi criada em 1975 especialmente para a abertura da novela "Pecado Capital", de Janete Clair, em que o protagonista Carlão (Francisco Cuoco) se apropriava de uma mala de dinheiro fruto de um assalto, esquecida no banco de seu táxi. E isso foi há mais de 40 anos. Ontem, hoje e sempre, nada se cria, tudo se copia, inclusive da realidade.
Fotos: divulgação/TV Globo.
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