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A mania dos personagens de "A Força do Querer" de minimizar suas falhas

Nilson Xavier

16/10/2017 23h09

Ísis Valverde | Marco Pigossi (Foto: reprodução)

Glória Perez deixou o melhor para o final, na última semana de "A Força do Querer". No capítulo desta segunda (16/10), o público viu Zeca inocentar Ritinha diante do juiz, assumindo uma culpa que era dela. Também o acerto de contas entre Bibi e Rubinho, uma das melhores cenas da novela. O capítulo terminou quando Ruy recebeu das mãos de Cibele o resultado do exame de DNA que comprova que o menino não é filho dele.

Novela de sucesso faz o público se dividir entre os personagens. Há quem ame Ritinha, quem odeie, quem torça para que ela termine com Zeca, ou sozinha. O mesmo para Bibi – uma relação amor e ódio. E as torcidas para que Jeiza tenha um final feliz ao lado de Caio ou ao lado de Zeca.

Impressiona o quanto esses personagens incidem no erro. São humanos. Talvez por isso o público se identifique com eles. Zeca, Ruy, Bibi, Caio, Ritinha, Silvana, Joyce, Eugênio são criaturas de muitas nuances, multidimensionais. Várias vezes agiram errado, sem medir as consequências.

E Glória Perez justifica os atos de seus personagens da forma mais simplista possível. Algo como "Por que você fez isso?" "Porque sim!". Essa é uma característica da autora. As heroínas de suas novelas sempre agem por impulso, passando por cima de tudo, inclusive da ética, para depois minimizar suas falhas. Casada com Ruy, Ritinha insistia em correr atrás de Zeca. Em nome do amor, Bibi passou por cima de tudo e de todos, inclusive negligenciou o filho. Por que? Poque sim!

Assim foi Clara (Claudia Abreu) de "Barriga de Aluguel", Dara (Tereza Seiblitz), a cigana de "Explode Coração", Jade (Giovanna Antonelli) de "O Clone", Sol (Deborah Secco) de "América". Todas muito humanas. Talvez daí a penetração de suas histórias e a relação de amor e ódio do público com suas criaturas. Este é o motor de repercussão da novela.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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