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"O Outro Lado do Paraíso" parece cinema; mas não se engane, é um melodrama

Nilson Xavier

23/10/2017 23h23

Bianca Bin e Sérgio Guizé (Foto: divulgação/TV Globo)

A nova novela da Globo, "O Outro Lado do Paraíso" (estreia dessa segunda, 23/10), começou com cara de filme: a abertura não foi exibida, os créditos de elenco apareceram já sobre as primeiras imagens. E de fato é cinematográfica: fotografia deslumbrante, com belas imagens do Jalapão, no Tocantins. Um tom amarelo-terra, com clara referência ao western americano, inclusive na direção e na trilha sonora. Mas não se engane. Trata-se de um melodrama em forma de novela. E dos mais rasgados.

A pressa em contar a história fez o amor de Clara e Gael (Bianca Bin e Sérgio Guizé) se diluir. Paisagens paradisíacas com trilha sonora romântica não foram o suficiente para imprimir alguma emoção ao romance do casal. Em pouco mais de uma hora de novela, eles se conheceram, se entregaram à paixão e marcaram data de casamento. O telespectador engoliu tudo sem tempo hábil para digerir esse romance. Talvez esse amor não mereça torcida mesmo, saberemos com o desenrolar da trama.

A estética de cinema imprimiu na narrativa uma morosidade que disfarçou a história corrida e sem emoção. Porém, a trama já desenhou conflitos para cativar o público. O antagonista de Rafael Cardoso e a vilã de Marieta Severo, a princípio, motivarão a audiência.

No mais, as poucas cenas de Fernanda Montenegro e Marieta Severo foram suficientes para mostrar o poder cênico das atrizes. Direção, trilha sonora e fotografia fizeram o capítulo valer. A história precisa correr mais. Mas Walcyr Carrasco é experiente. Tem em suas mãos um folhetim que promete arrebatar. Com esse elenco e direção (Mauro Mendonça Filho e André Felipe Binder) as possibilidades aumentam.

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Marieta Severo (Foto: divulgação/TV Globo)

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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