Séries como “Os Experientes” e “Amorteamo” dão mais prestígio que audiência
Claro que toda produção televisiva tem como propósito a audiência – indiretamente é o seu lucro. Entretanto, um programa mira um público alvo, que varia dependendo de vários fatores (idade, classe social, gênero, interesse, etc) e, nem sempre, as possibilidades de audiência são as melhores. A Globo tem reservado o difícil horário das 23h30 de sexta-feira – tradicionalmente de audiência menor quando comparado aos demais dias da semana – para produções "biscoito fino".
Público "diferenciado"? Se considerarmos que o telespectador que está em casa mais tarde numa sexta à noite é diferenciado… Para um público assim, "opções diferenciadas", de qualidade superior em termos de acabamento – trilha sonora e fotografia, por exemplo. Seria sexta-feira tarde da noite o "horário nobilíssimo" da TV?!
A excelente série "Dupla Identidade", de Glória Perez, foi uma melhores produções da Globo dos últimos tempos. Encerrou a temporada de 2014 na faixa. Em 2015, estrearam "Os Experientes" e "Amorteamo" – está última teve seu derradeiro capítulo exibido ontem, 05/06.
"Os Experientes" apresentou quatro episódios independentes – a não ser alguns personagens em comum, mas em histórias distintas – em que o fio condutor era um olhar bem original sobre a velhice. Uma coprodução com a O2 Filmes, dirigida por Fernando e Quico Meirelles, com roteiros de Antônio Prata e Márcio Alemão Delgado.
Elenco em atuações primorosas: Beatriz Segall, Juca de Oliveira, Othon Bastos, Karin Rodrigues, Dan Stulbach, Selma Egrey, Joana Fomm, Elcyr de Souza, João Côrtes, Otávio Augusto, Cecília Homem de Mello. Fica até chato citar alguns e não citar todos, tão bem dirigidos em um texto sensível. Ah, o elenco do episódio "Atravessadores do Samba": Wilson das Neves, Goulart de Andrade, Germano Mathias, Zé Maria e Bibba Chuqui. E dizer, que essa joia estava engavetada na Globo! Vamos providenciar uma segunda temporada?
"Amorteamo" exibiu uma fábula tétrica sobre a relação entre o amor e a morte. Com evidente alusão ao longa "A Noiva Cadáver" (de Tim Burton, 2004), a série emulou seu tema, estética e caracterização – principalmente a noiva morta-viva, interpretada por Marina Ruy Barbosa, e o noivo vivido por Johnny Massaro. O que os distanciava era o tempero brasileiro: com sotaque nordestino, a trama foi inspirada em lendas do Recife. O expressionismo alemão e o teatro e o circo do início do século XX também serviram de referência.
Com direção geral de Flávia Lacerda, roteiros de Cláudio Paiva, Guel Arraes e Newton Moreno – este último, idealizador do projeto – destacaram-se no elenco Tonico Pereira, como o coveiro, e Jackson Antunes (por que é tão subaproveitado em papeis menores nas novelas?). A cena final apresentou a síntese da história: os protagonistas jovens (Johnny Massaro e Arianne Botelho) trocam juras de amor no casamento enquanto a cena se mescla à lembrança do outro casal da trama (Jackson Antunes e Letícia Sabatella), que trocou as mesmas juras de amor na igreja, mas que acabou por ter um casamento infeliz.
Produções sofisticadas como "Os Experientes" e "Amorteamo", podem não dar grande audiência à Globo (a média final do Ibope da Grande São Paulo ficou em torno de 12, 13 pontos, o esperado para o dia e horário). Mas enchem os olhos do público, fazem refletir, e, certamente, dão prestígio à emissora.
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