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30 anos de "Brega e Chique": 10 curiosidades sobre a novela

Nilson Xavier

20/04/2017 08h57

Rosemere (Glória Menezes) | Rafaela (Marília Pêra)

Uma das melhores novelas de Cassiano Gabus Mendes, "Brega e Chique" foi o maior sucesso da TV no ano de 1987. Marília Pêra ficou marcada por sua personagem, a hilária Rafaela Alvaray, considerada pela própria atriz um de seus melhores momentos na televisão. Na trama, um rico empresário (Hééééérbert Alvaray) dava um golpe simulando a própria morte, mas deixava a viúva pobre enquanto a amante (que era pobre) recebia um a polpuda fortuna. Assim, a rica empobrecia enquanto a pobre enriquecia. Seguem 10 curiosidades sobre a novela.

1. Audiência maior que a novela das oito

"Brega e Chique" ainda estava no começo e sua repercussão já era superior a da novela das oito da época, "O Outro", de Aguinaldo Silva – que provocou Cassiano afirmando que seu drama carioca tinha mais audiência que a comédia paulista dele (a trama das sete era ambientada em São Paulo). Cassiano não respondeu à provocação. Ele não era disso. A audiência respondeu. Em questão de meses, "Brega e Chique" tinha mais audiência que a novela das oito horas (fonte: livro "Gabus Mendes, Grandes Mestres do Rádio e Televisão", de Elmo Francfort).

Mercedes (Patrícia Travassos)_ e Bruno (Cássio Gabus Mendes)

2. Marília fez mais sucesso que Glória

Como o título da novela sugeria, "Brega e Chique" tinha duas protagonistas, interpretadas por Marília Pêra e Glória Menezes: Rafaela Alvaray, a rica que empobrecia, e Rosemere da Silva, a pobre que enriquecia. Na abertura, os nomes das atrizes alternavam diariamente a ordem de aparição. Entretanto, o sucesso e a repercussão de Marília Pêra como Rafaela foi tanto que acabou suplantando Rosemere, a personagem de Glória Menezes.

3. Marília e Nanini

"Brega e Chique" marcou a volta de Marília Pêra às novelas, afastada havia 13 anos (desde "Supermanoela", em 1974). A atriz fez uma dobradinha inesquecível com Marco Nanini, que viveu Montenegro, um tipo atrapalhado apaixonado pela personagem dela. Os atores tinham acessos de riso nas gravações de muitas cenas. A cumplicidade de longa data resultava em brincadeiras e improvisos tão bons que a direção deixava que fossem ao ar assim mesmo, sem interrupção do ritmo (fonte: site Memória Globo).

Montenegro (Marco Nanini) e Rafaela (Marília Pêra) / reprodução

4. Prêmios

Por sua atuação na novela, Marília Pêra foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor atriz de televisão de 1987. Também foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor atriz. "Brega Chique" levou o Troféu Imprensa de melhor novela daquele ano.

5. O peladão da abertura

Embalada pela música "Pelado", gravada pelo Ultraje a Rigor, a abertura da novela causou frisson na época. No primeiro capítulo, o modelo Vinícius Manne apareceu com o bumbum à mostra. No dia seguinte, atendendo alguns telespectadores indignados, a Globo inseriu eletronicamente uma folha de parreira sobre a região glútea do modelo. Dois dias depois, após nova pressão popular, o então Ministro da Justiça Paulo Brossard desistiu da censura e a famosa bunda voltou a ficar exposta, com o rapaz "pelado, pelado, nu com a mão no bolso". Vinícius Manne in natura estampou ainda a capa do LP internacional da novela.

6. Trolagem com o Itaim Bibi

Cassiano Gabus Mendes acabou criando uma polêmica com os moradores do Itaim Bibi, bairro paulistano de classe média-alta. Quando Rafaela Alvaray empobrece e tem que se mudar com a família para um bairro mais humilde (ela morava no Jardim Europa), cita – com um certo desprezo – o Itaim Bibi, fazendo piada com o "Bi-bi". Após protestos reais dos moradores da região, Cassiano acabou escrevendo uma cena em que Rafaela se redimia, afirmando que havia se confundido, que o Itaim-Bibi "era um bairro muito chique". De qualquer forma, deve ter sido uma brincadeira do autor, já que, na sinopse, Rafaela se muda com a família para o bairro pobre onde já morava Rosemere, a fictícia Vila Custódia.

Francine (Célia Biar) e Rafaela (Marília Pêra)

7. A caracterização de Marília

A figurinista Helena Gastal conta que buscou inspiração nos anos 1920 para criar o figurino chique usado por Marília Pêra no início da trama, caracterizado por roupas de seda e de cintura bem marcada, favorecendo o seu corpo. O corte de cabelo chanel de Rafaela também remetia à década de 1920, mas com um toque moderno: assimétrico, curtíssimo de um lado com a franja mais longa do outro. E a novela ajudou a popularizar as lentes de contato coloridas – então uma novidade – usadas por Rafaela e, depois, por Rosemere, que tentava imitá-la.

8. Estreias

Foi a primeira novela das atrizes Patrícia Travassos e Paula Lavigne e do ator Anderson Müller. Foi o único trabalho na Globo de Suzy Camacho e a primeira aparição na emissora da atriz Ana Rosa, que fez uma pequena participação. "Brega e Chique" foi a última novela inteira da atriz Neuza Amaral, falecida nesta quarta-feira, 19/04 (leia mais AQUI).

9. A trilha sonora

Os dois discos da novela venderam muito. Do LP nacional, além de "Pelado" na abertura, fizeram sucesso: "Pega Rapaz" (Rita Lee e Roberto de Carvalho), "Sem Peso e Sem Medida" (Fábio Jr.), "Um Pro Outro" (Lulu Santos), "Caleidoscópio" (Dulce Quental), "Cowboy Fora da Lei" (Raul Seixas), "Blá-blá-blá… Eu Te Amo" (Lobão) e "É Tão Bom" (Luiz Caldas). Do disco internacional, tocaram nas FMs da época: "Everything I Own" (Boy George), "Let´s Wait a While" (Janet Jackson), "Music" (F.R. David), "No Promises" (Ice House), "What Do We Mean to Each Other?" (Sérgio Mendes), "Is This Love?" (Whitesnake), "Now and Forever" (Jimmy Cliff), "Somewhere Out There" (Linda Ronstadt e James Ingram), "I Want Your Sex" (George Michael), "In Too Deep" (Genesis), "C´Est La Vie" (Robbie Nevil) e "Infidelity" (Simply Red).

10. Reprise

"Brega e Chique" teve uma única reprise, no Vale a Pena Ver de Novo, entre 31/07/1989 e 19/01/1990. É ou não é uma boa pedida para o canal Viva?!

AQUI tem tudo sobre "Brega e Chique": elenco completo, trama, personagens, trilha sonora e curiosidades.
Fotos: Acervo/TV Globo.
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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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