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Sempre bela, Yoná vivia personagens mais jovens e posou na Playboy ao 50

Nilson Xavier

20/10/2015 12h21

Yoná Magalhães em

Yoná Magalhães em "O Grito", 1975 (Foto: Divulgação/TV Globo)

Perdemos a atriz Yoná Magalhães nesta terça-feira (20/10), no Rio de Janeiro. Ela estava na Casa de Saúde São José, internada por problemas cardiológicos. A atriz havia completado 80 anos no dia 7 de agosto. Yoná atuou em peças de teatro e em alguns filmes – inclusive o mítico "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, em 1964. Mas foi na TV que mais brilhou, tendo dedicado a maior parte de sua carreira.

Yoná Magalhães Gonçalves nasceu em 1935, no Rio de Janeiro. Começou a carreira na televisão nos meados da década de 1950, fazendo figuração e pequenos papeis. Nesta época, participou de teleteatros e novelas (ao vivo, quando ainda não eram diárias). Excursionou pelo Brasil com peças de teatro, morou na Bahia, casou-se com o produtor Luís Augusto Mendes (com quem teve um filho).

Em 1965, Yoná foi contratada pela recém-criada TV Globo, como uma das primeiras estrelas da casa. Com o ator Carlos Alberto, viveu o primeiro par romântico de sucesso das novelas globais. Dentro e fora da ficção. Era a dupla preferida da novelista cubana Glória Magadan, que cuidava do setor de novelas da emissora. Da autora, Yoná estrelou as novelas "Eu Compro Esta Mulher", "A Sombra de Rebeca", "O Homem Proibido", "O Sheik de Agadir" e "A Gata de Vison". Atuou ainda em "A Ponte dos Suspiros", de Dias Gomes. Nesta época (segunda metade da década de 1960), interpretou personagens de diversas nacionalidades: espanhola, japonesa, indiana, francesa, norte-americana e italiana.

Em 1970, o casal Yoná e Carlos Alberto foi contratado pela TV Tupi, para atuar na novela "Simplesmente Maria". Em 1972, Yoná Magalhães retornou à Globo, para viver a antagonista Nara Paranhos de Vasconcellos em "Uma Rosa com Amor". Em 1973, foi Adriana Penha em "O Semideus". Em 1974, contracenou com Altair Lima em "Corrida do Ouro", vivendo a personagem Valquíria. Em 1975, foi Fátima, a namorada pobretona de Francisco Cuoco, em "Cuca Legal". No mesmo ano, foi vista em "O Grito", de Jorge Andrade, em um de seus melhores papeis na televisão: a controversa e sensual secretária Kátia.

Capa da Playboy em 1986 / Capa do LP Vida Nova em 1988 (Foto: Reprodução)

Capa da Playboy em 1986 / Capa do LP Vida Nova em 1988 (Foto: Reprodução)

Zélia Tavares foi sua personagem em "Saramandaia", em 1976. No ano seguinte, outro tipo marcante: Nora Pelegrine, de "Espelho Mágico", uma atriz infeliz com a carreira que vivia das glórias e lembranças do passado. Em "Sinal de Alerta", em 1978, interpretou Talita Borges, dona de um jornal. Em 1979, Yoná desligou-se da Globo e voltou para a Tupi, onde viveu Maria Emília em "Gaivotas". Na sequência, foi para a TV Bandeirantes, onde interpretou a vedete Pepita, em "Cavalo Amarelo" (1980), contracenando com Dercy Gonçalves, e a espanhola Mercedes, da juventude à velhice, bem como sua filha Mercedita, nas várias fases da novela "Os Imigrantes" (1981-1982). Atuou ainda em "Maçã de Amor", em 1983.

A atriz voltou à TV Globo em 1984, para viver Grace em "Amor com Amor se Paga". Em 1985, atuou no sucesso "Roque Santeiro", como Matilde, mulher liberal, proprietária da Pousada do Sossego e da boate Sexu´s. Hilárias as cenas com Regina Duarte – a Viúva Porcina tinha ciúmes da amizade de Matilde com Sinhozinho Malta (Lima Duarte).

Em 1987, esteve em "O Outro", como a temperamental Índia do Brasil. Em "Vida Nova" (1988), a atriz foi a ex-prostituta Lalá, que enriqueceu ao enviuvar de um político. Em 1989-1990, Yoná Magalhães interpretou outra de suas melhores personagens na TV: a reprimida Tonha, madrasta de Tieta (Betty Faria), nesta novela. Inesquecível a cena em que Tonha retorna a Santana do Agreste repaginada, moderna, ao som da canção "Uma Nova Mulher", interpretada por Simone. Na sequência, a atriz foi a fogosa e sofisticada Valentina Venturini em "Meu Bem Meu Mal".

Durante a década de 1990, Yoná Magalhães atuou em mais seis novelas, quatro delas do autor Walther Negrão: "Despedida de Solteiro", "Anjo de Mim", "Era uma Vez" e "Vila Madalena". Esteve ainda em "Sonho Meu", de Marcílio Moraes, e viveu Carmela (a Cacá), a caçula das irmãs Ferreto de "A Próxima Vítima", de Silvio de Abreu.

Nos anos 2000, mais sete novelas: "A Padroeira", "As Filhas da Mãe", "Agora É Que São Elas", "Senhora do Destino", "Paraíso Tropical", "Negócio da China" e "Cama de Gato". Ao longo de sua carreira, foram várias as participações em seriados e especiais da Globo, e ainda três minisséries: "Grande Sertão: Veredas" (1985), "Engraçadinha" (1995) e "Um Só Coração" (2004).

Na atual década, Yoná foi vista em uma participação na série "Tapas e Beijos" e em apenas uma novela, "Sangue Bom" (em 2013). Yoná Magalhães foi uma das mais belas atrizes de nossa TV, sempre cultivou uma forma física invejável, o que lhe garantiu muitas personagens mais novas que ela. A atriz posou para a revista Playboy aos 50 anos, em fevereiro de 1986 (na época de "Roque Santeiro").

Yoná foi uma das atrizes mais queridas e importantes da história de nossa televisão, cinema e teatro. Impossível não lembrar dela sem mencionar tantas personagens marcantes, Tonha, Valentina Venturini, Mercedes, Nora Paranhos, Carmela Ferreto, Matilde, Índia do Brasil, Kátia, Pepita, Lalá, Virgínia Batista…

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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